DOURO INTERNACIONAL 

10-12 Junho 2021

DIA 1

Aproveitando o feriado do 10 de Junho, dia de Portugal, decidimos fazer uma Roadtrip pelo Douro Internacional. Saímos de Lamego, fazendo a N226 em direção a Sernancelhe, Penedono, passando pela aldeia da Touça, no concelho de Vila Nova de Foz Côa. Parámos no miradouro do Castelo Velho em Freixo de Numão para refrescar a goela e relaxar o corpo. Ainda tínhamos uns bons quilómetros até à paragem para o almoço. A estrada que fizemos foi em direção a Santo Amaro, Pocinho e depois atravessamos a barragem do Pocinho e fomos em direção a Torre de Moncorvo. O nosso repasto seria na aldeia de Carviçais, no restaurante "O Artur". A bela posta mirandesa deliciou-nos e não defraudou as espectativas.

Próxima paragem, Penedo Durão em Freixo de Espada à Cinta. Lugar maravilhoso. Faz-me lembrar sempre o Curral das Freiras na Madeira.

Conhecido como o "Decano dos Miradouros", Penedo Durão é o mais emblemático dos miradouros existentes no concelho de Freixo de Espada à Cinta e uma das "maravilhas turísticas da Região do Douro". Um local abençoado pela natureza, com bons acessos e vistas deslumbrantes e ímpares das xistosas terras que o rodeiam e dos recortes do rio Douro. Aqui coexistem a toda a volta diversas espécies de fauna e flora que importam proteger e preservar. A fauna apresenta-se neste espaço com o Abutre do Egipto (Neophron percnopterus), o Grifo (Gyps fulvus), a Águia Real (Aquila chrysaetos) e outras aves de rapina que planam vigilantes por cima deste Miradouro. Ao visitar o Penedo Durão vai perceber porque este é conhecido como o "Penedo dos Abutres" e o único lugar onde se vê esta espécie de costas.
Próximo do Douro Internacional e sobranceiro à barragem espanhola de Saucelle, este miradouro está equipado com uma varanda de madeira, com uma escadaria em pedra.
No local, é possível encontrar um baloiço, num local privilegiado com paisagens únicas sobre o Douro e um espaço destinado a piqueniques, ideal para descansar e desfrutar da natureza envolvente.
As fortes e milenares paredes rochosas que o sustentam deslizam a pique a uma altitude de 550 metros pela paisagem pautada pela diversidade e a agressividade do solo que concorre com os terrenos férteis que albergam vastas plantações de oliveiras, amendoeiras, vinhedos e árvores de fruto.

Seguimos em direção à aldeia de Mazouco, sempre junto ao rio Douro. Na outra margem é Espanha. Sempre por estradas camarárias. Por entre vinhas, laranjais e as muitas oliveiras que caracterizam toda esta região. 

Para visitar o miradouro do Carrascalinho na aldeia de Lagoaça, foi preciso sair da estrada de alcatrão e entrar em estrada de terra batida. Vale bem a pena. Mogadouro esperava por nós para refrescarmos a goela e assim terminarmos o dia em Bemposta, onde dormimos na casa de um Amigo que nos acolheu durante as duas noites que por lá passámos.

DIA 2

Bem cedo saímos para um dia longo mas com curvas maravilhosas.

De Bemposta fizemos a N221 que nos levou até Miranda do Douro. A primeira paragem foi em Sendim, onde tomamos o café da manhã e atestamos as burras. Primeiro miradouro foi na Fraga do Puio. Onde percebemos que o Douro selvagem é maravilhoso. O rio é o mesmo que passa na cidade da Régua mas a paisagem é completamente diferente. Aqui é o Douro Internacional. As vinhas dão lugar a fragas sobrepostas. Escarpas portuguesas, arribas espanholas, onde a natureza continua selvagem. Onde as aves vivem em estado selvagem e natural.

Descemos a Picote, onde vimos a Barragem, que foi edificada entre 1954 e 1958. Picote é uma das aldeias das terras de Miranda que mais tem defendido a preservação e utilização da Língua Mirandesa.

Seguimos estrada até ao miradouro de São João das Arribas. A estrada é um pouco sinuosa para uma mota que tem pneus de estrada. Serão cerca de 800 metros ou mais de terra batida. Mas no final vale a pena. A imagem que guardei daquele lugar foi um Abutre do Egito a voar naquele lugar. Aquela paisagem faz lembrar os fiordes dos países nórdicos. Quem tem vertigens, existe um lugar um pouco mais a frente em que ficamos quase suspensos a 200 metros de altura.

Só nos faltava parar no miradouro Penha das Torres, situado na aldeia de Paradela. Um local muito atrativo, situado no extremo nordeste do território, no ponto mais oriental de Portugal, tendo o privilégio de ser aqui que se avistam os primeiros raios de sol. Deste local podemos ver o rio Douro a entrar em Portugal, iniciando o seu percurso enquanto rio internacional. O percurso para chegar ao miradouro também é de terra batida e sinuosa a estrada. Repito: mas vale a pena.

Regressámos em direção a Sendim para um almoço mais que merecido.

Durante a tarde demos descanso "às burras" e fomos fazer um passeio de barco pelo Douro Internacional, onde apanhámos uma tempestade de chuva, granizo e vento. Bem, assustadora. Daquelas trovoadas que aparecem sem se contar.

Terminámos este dia celebrando missa na igreja paroquial de Bemposta, devidamente protegidos do Covid19. Sim, ainda estávamos em tempo de pandemia e existiam normas para cumprir!  

DIA 3

Saímos bem cedo de Bemposta e percorremos o IC5 em direção a Mogadouro, onde tomámos o café da manhã. Neste dia a nossa opção foi fazer a estrada de regresso, mas pela margem norte do Rio Douro. Parámos na barragem do Sabor para admirarmos a grandiosidade de daquela obra. A maior obra que a EDP construiu nos últimos anos. Esta barragem em betão tem 123 metros de altura e um comprimento no coroamento de 505 metros. A albufeira tem capacidade para armazenar um total de 1.095 milhões de metros cúbicos de água, o que faz da albufeira do Baixo Sabor o terceiro maior reservatório de água de Portugal.

Mas a beleza maior foi o miradouro de São Gregório, sobre o extenso vale da Vilariça, património natural e o "Ex-líbris" de todo o chão Transmontano e Alto Duriense, este vale, senhor de uma geografia única pelo seu micro clima e características do solo, com uma extensão de terreno com cerca de 30 km de comprimento, dele brotam uma variedade imensa de hortícolas, leguminosas e frutícolas, culturas mediterrânicas da mais alta qualidade, que abastecem os mercados nacionais. Vale encantado de silêncios únicos, de Estelas perdidas, onde consta o maior Santuário Calcolítico da Península Ibérica e onde existem as águas medicinais hoje exploradas industrialmente.

As curvas entre a Horta da Vilariça e o Castedo foram impressionantes. Sentimos o poder da mota nas nossas mãos. Mas o nosso destino era mesmo o restaurante "Calça Curta" na foz do rio Tua, em Carrazeda de Ansiães. 

Deliciámo-nos com o repasto, com o atendimento e com o local. O clero foi bem tratado. Julgo ser apanágio o bom trato a todos os clientes naquela casa.

Faltava a ultima etapa, o regresso.

Parámos na barragem do Foz Tua. Outra das obras de engenharia que impressionam. Com 108 metros de altura e implementada entre os vales da região do Douro, junto à margem do rio Tua, esta obra merece uma paragem. Esta Central Hidroelétrica da Foz do Tua foi o primeiro projeto do arquiteto Eduardo Souto Moura numa barragem. O programa era eliminar todo o carácter do edifício e reduzir o impacto da infraestrutura na paisagem do Douro Vinhateiro. Souto Moura conseguiu-o. Numa integração "perfeita entre o fim do edifício e a estética".

Quanto a nós, era hora de seguir viagem, porque as curvas esperavam por nós.

Percorremos a CM1287 em direção ao Pinhão. Paragem obrigatória para abastecer as burras de "pitroil" e seguir marcha até casa.

No total do percurso, contabilizamos uns 760 Quilómetros em 3 dias. Foi a nossa primeira jornada em 2 Rodas.

Que Deus abençoe a vossa estrada.