Serra da Estrela
Passeio de 1 dia
Bem cedo saímos de Castro Daire pela N2 em direção a Viseu.
O dia estava solarengo, mas adivinhava-se vento e frio bem no alto da torre, o que não espanta.
A subida até ao sabugueiro fez-se muito bem. Curvas ótimas, e uma paisagem fantástica.
Chamam-lhe a aldeia mais alta de Portugal. Não é certo que o seja (o título é disputado por outras localidades igualmente situadas a cerca de 1100 metros de altitude), mas isso não é motivo para baixar as expectativas. O Sabugueiro, como a planta homónima, faz bem à saúde (ou melhor, a corpo e mente) de quem o visita.
A povoação do concelho de Seia, com origens num aglomerado de cabanas de pastores (e digna de registo oficial desde o século XIII), é das mais fiéis embaixadoras do modo de vida serrano. Ponto de paragem frequente para quem sobe ao topo da Serra da Estrela, o Sabugueiro recebe os visitantes com os melhores saberes e sabores da região.
O palato é tentado por queijos, mel, enchidos e carnes de cabrito, borrego, frango, tradicionalmente assadas em caçoilas de barro preto. O corpo é aquecido por casacos, capotes, mantas e outros agasalhos de burel. E os fiéis cães da Serra da Estrela, ali nascidos e criados, completam um cenário acolhedor, pintado no casario de granito que se estende para lá do largo da Igreja, da fonte do Ferreiro e do forno comunitário.
Foi aqui que alimentamos o corpo e demos descanso às rodas.
A viagem continuou até à "Lagoa Comprida". Situada a cerca de 1600 metros de altitude, a Lagoa Comprida, é o maior reservatório de água da serra da Estrela com o objetivo de produção hidroelétrica.
Esta lagoa de origem natural, situa-se numa ampla depressão de origem glaciária, com cerca de um quilómetro de extensão e que alimentava o glaciar do Covão Grande. Ao longo das suas margens, são inúmeras as marcas glaciárias, tornando esta lagoa, um dos locais de grande interesse geomorfológico da serra da Estrela.
O início de construção desta Lagoa iniciou-se em 1911, sendo que em 1914, esta já tinha uma altura de seis metros. Mais tarde, em 1965, recebeu obras de alteamento que aumentaram a sua altura para 28 metros, apresentando na atualidade uma capacidade de armazenamento de cerca de 14 hectómetros cúbicos, inundando uma área com cerca de 80 hectares.
A esta lagoa afluem pequenos cursos de água, assim como as águas retidas nos Covões dos Conchos e do Meio e conduzidos até esta por intermédio de túneis subterrâneos.
Hora de seguir marcha até ao topo da serra. Com uma altitude máxima de 1993 metros na Torre, a Serra da Estrela é uma zona de rara beleza paisagística com desníveis montanhosos impressionantes onde podemos viver intensamente o silêncio das alturas. E aproveitar esses momentos de comunhão com a natureza para observá-la, reparando na variedade da vegetação, nas aves ou nos rebanhos de ovelhas guiados por cães da raça a que a Serra deu nome.
Descemos a serra pela N338 em direção a Manteigas. Pelo Vale Glaciar. Não conseguimos porque a estrada estava cortada, em obras. Tivemos que regressar à torre.
A seguir ao Sabugueiro, viramos pela N339-1 em direção à N232, até Gouveia. Onde deu para beber um refresco. As soberbas e distantes vistas que daqui se alcançam, fazem justiça ao topónimo da cidade que, pela sua paisagem arrebatadora, até aos romanos impressionou. Chamaram a este sítio Gaudella, um local de vista aprazível, bela ou de regozijo, que enche o olhar e o coração a quem a vê.
Seguimos até Mangualde, e depois fizemos a N 329 em direção a Penalva do Castelo, Sátão, Vila Nova de Paiva e Castro Daire. Um total de 265 Quilómetros.
Que Deus abençoe a vossa estrada.