PICOS DA EUROPA- ASTÚRIAS
9-13 Julho 2023
DIA 1
Domingo depois das celebrações o ponto de encontro foi no restaurante " O ABADE" na aldeia da junqueira, pleno vale da Vilariça, no concelho de torre de Moncorvo. A hora já ia adiantada quando nos sentamos para o repasto dominical. O grupo passou a ser de 4 elementos. Almoçamos a posta transmontana e para não demorarmos muito, foi o típico, comer e andar. A viagem seria até León.
A primeira paragem foi por terras espanholas na área de serviço La Chuca. Atestar as burras e os odres para seguir viagem. O calor apertava, e era domingo.
Fizemos a carretera ZA-912 em direção a Rionegro del Puente e depois a ZA-111 em direção a Nogarejas. Evitamos sempre que possível as autoestradas, mesmo sendo domingo.
Passamos em La Bañeza e seguimos para Santa Maria del Páramo pela CL-622.
León era já a seguir.
A nossa opção para a dormida neste dia foi no hotel Leon Camino Affiliated by Melià. Não muito longe do centro para caminharmos a pé. Hotel recomendado pelos "CAMINHOS DE SANTIAGO". Excelente opção.
O jantar neste dia foi junto à catedral de León, também chamada de Notre Dame de Espanha. Regresso ao hotel, para descansar porque o dia de amanhã será bem longo.
A Pulchra Leonina, a "Capela Sistina" do românico espanhol e o antigo Hospital de San Marcos são os pontos mais importantes deste antigo acampamento romano.
O decorrer do tempo transformou León na capital do reino na Idade Média, num enclave histórico do Caminho de Santiago e numa cidade à medida de seus habitantes. A incrível paisagem natural desta província oferece o Parque Nacional dos Picos de Europa, o entorno de Las Médulas (Patrimônio da Humanidade) e a estação de Ski de San Isidro. Uma oferta cultural e de lazer que só é superável pela qualidade e variedade gastronômica de León.
A outrora Légio VII Gemina Pia Felix romana mantém um interessante legado românico, gótico e renascentista, fruto de seu esplendor durante a Idade Média. A Plaza Mayor configura o centro desta cidade, atravessada pelo rio Bernesga. Neste conjunto barroco fica a Câmara Municipal, chamada popularmente de "Varanda da Cidade", já que nas suas galerias os notáveis contemplavam as atividades cidadãs que eram realizadas.
DIA 2
Depois de uma noite bem dormida, era hora de um pequeno almoço buffet para alimentar o corpo e ganhar energia para as curvas deste dia. Saímos em direção a Riaño para a primeira paragem e beber um café. Foram 96 Quilómetros de viagem. Cerca de 1h30 até Riañopela N-621. Devido ao projecto de construção da barragem e do reservatório, um conjunto de 9 aldeias ficariam submersas. Em dezembro de 1987 estes 9 povos: Anciles, Hueldes, La Puerta, Vegacernega, Pedrosa del Rey, Burón, Salio e Riaño ficaram submersas pelas aguas da barragem. Assim, Riaño torna-se um dos povos mais recentes da europa. Riaño está a 1.133 metros de altitude e rodeado pelos fiordes Leoneses. Também se pode fazer um circuito de barco pelo lago, que vale muito a pena.
Continuamos pela N-621 até ao Puerto de San Glorio. A fronteira entre Castela e Leão e Cantábria. Subimos até ao miradouro de Collado de Liesba onde se pode avistar a zona do telefério de Fuente Dé. Ainda subimos a pé até Monumento al Oso pardo.
Descemos em direção ao famoso Mirador del Corzo. Paragem obrigatória para a foto ou para quem levar autocolantes, poderá deixar a sua marque naquele lugar. Esta parte da estrada N-621 é extraordinária para se fazer umas boas curvas mas com a devida precaução que a estrada exigia.
Chegamos a Potes, prontos para almoçar.
A vila situa-se no centro da histórica região de Liébana, uma zona rodeada de espetaculares montanhas e onde confluem rios e arroios. O seu centro histórico foi declarado Bem de Interesse Cultural e as suas ruas, atravessadas por numerosas pontes, contam com edifícios e monumentos com séculos de história. Potes foi senhorio do infante Tello (século XIV), filho do rei Alfonso XI de Castilla, e desde 1445 pertenceu ao Marquês de Santillana e a seus descendentes, os duques do Infantado. Precisamente, a denominada Torre do Infantado, uma robusta construção do século XV —que até pouco tempo atrás era a sede da Câmara Municipal, é na atualidade um dos principais monumentos da vila.
De Potes fomos até ao Teleférico de Fuente Dé. Impressiona sempre. Já por lá estive umas 8 vezes mas nunca consegui ter coragem de subir.
O Teleférico de Fuente Dé recebe a cada ano a visita de 250.000 pessoas. Cada cabina, que tem a capacidade para transportar 20 pessoas, supera um desnível de 753 metros a uma velocidade de 10 metros por segundo, levando o visitante a 1.823 metros de altitude en três minutos e meio. O sistema de funcionamento está desenhado para funcionar em condiciones de alta montanha, de maneira que não é afetado por fenómenos como a temperatura, la humidade ou as tempestades.
No regresso faltou visitar a Aldeia de Mogrovejo onde foi filmado o filme "Heidi" e ainda o santuário de Santo Toribio. Continuamos na N-621 em direção a Panes. à saída de Potes do nosso lado esquerdo podemos encontrar o Centro de Interpretação dos Picos da Europa. Entrada é grátis e vale a penas passar por la durante uns 45 minutos.
O percurso entre Potes e Panes é assombroso. Sempre junto ao rio Deva, famoso pelo salmão, que vem desovar neste rio, poderemos ver nas encostas algumas cabras montanhesas. As curvas são ótimas. Convém estar atento à estrada porque poderemos encontrar pedras que muitas das vezes deslizam das montanhas.
O dia já ia longo. Ainda parámos no balneário termas La Hermida. Famoso pelas suas águas medicinais. O lugar é estupendo.
De Panes, optámos por fazer a carretera CA-850 em direção a Comillas, onde pernoitamos no Abba Comillas Golf Hotel. Ótimo para descansar e a 10 minutos a pé do centro da vila de Comillas.
DIA 3
Neste dia, e aproveitando o bom tempo que apanhámos, fizemos a carretera CA-135 até Cabezón de la Sal e depois a CA-180 até Barcena Mayor. Deixamos as burras a 200 metros da aldeia porque não podem entrar viaturas dentro da aldeia. è uma aldeia magnificamente conservada no coração do Parque Natural de Saja-Besaya, e quer gostemos ou não, esta proibição faz parte do seu charme. Situada à beira do rio Argoza, junto ao traçado da antiga via que ligava o vale de Saja a Castela, Bárcena Mayor é um enclave num vale espetacular flanqueado por pequenas colinas. É um paraíso rural, declarado Conjunto Histórico Artístico em 1979, com apenas uma centena de habitantes. Hoje terá menos de 60 habitantes. Foi o nosso café da manhã.
A estrada que optamos por fazer foi a mesma de regresso até Sopeña onde viramos à esquerda pela CA-182 em direção a Puentenansa. Ainda fomos às Cuevas del Soplao. Não entramos porque o horário disponivel só seria pelas 16h. Optamos por seguir viagem. Depois a CA-181 em direção a Pesués. Curvamos a N 634 sempre junto ao mar em direção a Llanes, cidade das "peliculas", onde descansamos e almoçamos. Cerca de 80 Quilómetros em 2h de viagem tranquila. O almoço por decisão unânime foi marisco. Escolhemos o restaurante "LOS PIRATAS DEL SABLÓN". Agradável. Preço / qualidade aceitável.
O "típico" café depois do almoço foi numa esplanada com vista para a praia. Em Llanes podemos visitar o Paseo de San Pedro, o de San Antón, o rio Carrocedo e o porto são os eixos sobre os quais se articula a vila de Llanes, que já foi um importante porto pesqueiro e baleeiro. Entre outros monumentos conta com cerca de 300 metros de muralha do século XIII; a Torre do Castelo; a Basílica de Santa María del Conceyu, que começou a ser construída em meados do século XII. A não perder!!
De Llanes seguimos para Ribadeselle, mais concretamente para visitar La Cuevona. Tenham em atenção que o GPS engana facilmente quem quer fazer uso dele. CONSELHO: Sigam sempre a estrada junto ao rio Selle. Nunca virem à direita. Esta gruta natural dá acesso à aldeia de Cuevas del Agua, que lhe dá o nome, e é um dos poucos exemplos de grutas que podem ser visitadas de carro.
Ao longo de 300 metros sinuosos, é possível observar magníficas formações calcárias, bem como a vida associada à escuridão e ao ribeiro adjacente. Estalactites, estalagmites e escoadas lávicas são algumas das formações que, pela sua beleza e singularidade, são por vezes designadas por "Língua do Diabo" ou "Barba de Santiago".
As curvas de regresso levaram-nos ao Santuário de Covadonga. Lugar de parágem obrigatória, quer tenhamos fé, quer não tenhamos. Covadonga é o lugar onde se iniciou a Reconquista a cargo do rei Pelayo, que descansa na caverna junto à Santina. É a entrada do Parque Nacional de los Picos de Europa. A basílica, junto à cova onde se venera a imagem da Santina, é lugar de culto e peregrinação de todos os asturianos. A basílica é um edifício de estilo neorromânico, com duas altas torres que ladeiam a entrada principal. Em seu interior alberga obras de grande valor, como uma tela de Madrazo. Na praça da basílica, está a estátua do rei Pelayo. Em uma caverna, acessada por uma grande escada, está a imagem da Santina, a tumba do rei Pelayo e a do rei Alfonso I. Da gruta surge uma catarata e aos pés desta uma fonte de sete orifícios. No altar, um painel de ouro representa a batalha de Covadonga.
Eram horas de nos fazermos à estrada em direção ao hotel Maria Manuela Spa em Benia de Onis, do meu Amigo Román. Ofereceu-nos um circuito Spa e que bem que nos fez ao corpo. Eram horas de dormir.
DIA 4
Optamos por subir a carretera AS-160 em direção ao miradouro El Fitu. Apanhamos um tempo incerto, com nevoeiro a aparecer e a desaparecer. Depois fizemos a A-8 em direção a Villaviciosa, onde mudamos para a A-64 em Pola de Siero. Fizemos a AS-I até Mieres e a A-66 até Campomanes. A partir daqui fizemos a antiga estrada que liga o norte ao sul de Espanha. A N-630 liga Gijón a Sevilha em mais de 800 Quilómetros.
Subimos em direção a Puerto de Pajares. Apenas neste trajeto que apanhamos alguma chuva, mas quase quase nada.
Por sugestão de um Amigo espanhol, o nosso almoço foi na "CASA MARAGATO, VINHOS E LICORES". Mas que bem que nos soube petiscar chouriço de vaca, de veado, de javali. Vinho servido como nos anos 80 em Portugal. Aliás, foi essa a sensação que tive quando entrei. Estar na minha aldeia quando era criança.
Seguimos marcha na N-630 em direção a Pola de Gordón onde viramos à direita pela LE-473 até Aralla de Luna. Toda esta região aparenta ter sido um vale glaciar nos tem idos. Passamos pelo Parque Natural de Babia e Lluna. O Parque Natural Babia y Luna está situado numa zona de grande valor ecológico e paisagístico, León é a zona que concentra mais Reservas Mundiais da Biosfera no Mundo. Os Picos Calcários com mais de 2000 metros, as extensas pradarias, transportam-nos para uma paisagem diferente, bem diferente...
Depois fizemos a carretera CL-626 sempre junto ao "embalse de Barrios de Luna". Hidratamos a goela no Clube Naútico de León. O projeto desta barragem foi elaborado entre 1935 e 1936, durante a II República, pelo engenheiro da Confederação Hidrográfica do Douro, Luis de Llanos y Silvela. No ano de 1945, em pleno franquismo duro, adjudicou-se a obra a Ginés Navarro, terminando a obra a 15 de junho de 1951. Com a construção desta barrage, 16 povos ficaram submersos. A obra foi inaugurada oficialmente em 1956 pelo ditador Francisco Franco.
As curvas que nos levaram até León, foram feitas pela CL-626até La Magdalena. depois optamos pela LE-420 até Villanueva de Carrizo. Viramos à esquerda pela LE-441 em direção ao hotel onde já tínhamos dormido na primeira noite. Hotel Camino Affiliated Leon. O jantar foi a 3 minutos a pé do hotel, na "PIZZARIA LA COMPETENCIA".
DIA 5
Era o dia de regresso a casa. A primeira paragem foi no Lago da Sanábria onde deu para descansar um pouco da viagem. Um impressionante lago glaciar. Hoje, os seus 318 hectares de superfície e uma profundidade que atinge até 51 metros fazem dele o maior da Península Ibérica. Quanto à fauna, há uma grande variedade de espécies: 76 tipos de aves e 17 de grandes mamíferos. Entre todos eles se destacam a perdiz-cinzenta e o lobo. Mas por detrás de toda esta beleza, existe uma história trágica.
Em 1956, foi construida a barragem de Vega de Tera com 200 metros de comprimento e 33 de altura, no entanto esta barragem teve uma vida curtíssima: em 1959, fortes chuvas e temperaturas extremas (-18 °C) abateram-se sobre a Serra de Peña Trevinca. Com muita agua acumulada na albufeira da barragem, estas condições levaram a que fosse aberta uma brecha de 30 metros de altura levando a que uma "descarga" de 8 mil milhões (8.000.000.000!!!!) de litros de água corressem pelo vale abaixo arrastando tudo o que aparecia pelo caminho. Por azar, a aldeia de Ribadelago foi apanhada desprevenida e viu destruídas quase por completo todas as suas casas, levando a morte a 144 habitantes que não foram a tempo de se refugiar. Apenas 28 corpos foram resgatados, os restantes desapareceram para sempre no fundo do Lago de Sanábria.
A aldeia foi reconstruída, sendo hoje bem visíveis testemunhos da noite fatídica: ruínas de casas e da igreja matriz, a par da estrutura da barragem, a montante, no silêncio da serra.
Entrámos em Portugal pela aldeia de Rio de Onor, onde uma parte da aldeia é espanhola e a outra parte é portuguesa. Fizemos a carretera ZA-921. Em Portugal fizemos a N 308 em direção a Gimonde onde almoçamos no famoso restaurante "O ABEL". Já fazia falta o sabor da nossa comida.
Repasto maravilhoso. Hora de regressar a casa. A4 até Vila Real e depois A24 até Castro Daire.
Conheço os Picos da Europa e já não sei quantas vezes estive por lá. Mas de mota foi a primeira vez. A experiência é totalmente diferente. É preciso conhecermos as Astúrias para podermos fazer um bom percurso. Algumas carreteras ficaram por curvar, mas os dias foram poucos. Voltarei !!!
Que Deus abençoe a vossa estrada!