GERÊS

11-14 Julho 2022

DIA 1

Saí de Castro Daire bem cedo com o companheiro André, fazendo a N2 até ao Peso da Régua onde já estava à nossa espera o nosso "companheiro". Continuamos na N2 até Vila Pouca de Aguiar onde tomamos o café da manhã. O dia seria longo.

De Vidago apanhamos a N311 até Vilarinho de Negrões, depois a N103. O almoço foi na Quinta do Diabo, no lago do rio Rabagão. A carne era de boa qualidade e o serviço foi agradável.

A 20 minutos de viagem tinhas uma paragem obrigatória. Castelo de Montalegre. Tínhamos que queimar algumas calorias que ganhamos durante o almoço.  

Montalegre é conhecida pela sua noitada na "Sexta Feira 13". Se ainda não conhecem, em 2024 ainda temos 13 de setembro e 13 de dezembro. 

Mas quem deu fama a esta tradição foi o padre Fontes, famoso em terras de Vilar de Perdizes, onde com as suas mezinhas, conseguiu colocar as terras do Alto Tâmega e Barroso no mapa do turismo português bem como os espanhóis que não perdem uma sexta feira 13. 

A vila de Montalegre é dominada pelo castelo construído no séc. XIII sobre restos de uma fortificação mais antiga, o que demonstra a importância deste local como ponto estratégico de defesa do território.
Nas redondezas, junto à típica aldeia comunitária de Pitões das Júnias, o pequeno e curioso Mosteiro de Santa Maria das Júnias, hoje em ruínas pertenceu à Ordem de Cister (sécs. XIII-XIV).
Sob o ponto de vista gastronómico, Montalegre é famosa pela produção de enchidos e presunto, sendo a Feira do Fumeiro que se realiza anualmente em Janeiro, a oportunidade ideal para adquirir estas iguarias.

Desde Montalegre fizemos uma boa estrada, a N308 em direção a Covelães. Mas para mim o melhor percurso foi a M308 entre Outeiro e Cabril. Curvas excelentes, plena serra, sem transito, algumas vacas pelos montes. Paisagem incrível. Ao longe Pitões das Júnias e a serra que divide Portugal de Espanha.

Parámos no miradouro de Fafião. Uma subida a pé até chegarmos ao topo. Custa! Cansa! com calor ainda mais! mas vale a pena cada passada.   

Era tempo de hidratar com uma cerveja fresquinha. Saborosa.

Faltavam as curvas até ao hotel onde dormimos a primeira noite. A nossa escolha foi no Solar do Cávado. Jantar, Dormida e pequeno almoço. Espaço agradável. Silêncio.

DIA 2

Depois do pequeno almoço, foi hora de dar a beber às burras. Atravessámos o rio cávado na N308-1 em direção à lindíssima vila do Gerês onde tomamos o café da manhã. Planificar o resto da manha, acertar rotas, horários e seguir viagem.

Fizemos 26 Quilómetros pela N 308-1 até Lóbios. Atravessamos a fronteira em portela do Homem até uma instância termal em espanha. Todo este percurso foi fabuloso. Curvas fabulosas, uma imensidão de floresta, um misto entre luz e sombras. Algo mágico. Afinal é o Gerês.

Desde Lóbios, fizemos a carretera OU- 540 em direção às termas romanas Aquis Querquernis e Caldas Romanas de Bande. Deu para visitar, apesar de perceber um certo abandono turístico daquele lugar.

Ainda tínhamos uns quilómetros pela frente até Castro laboreiro onde foi o nosso almoço. Fizemos 33 quilómetros por uma estrada espanhola, não muito bem conservada OU-1212, mas a burra aguentou-se. Entramos em Portugal pela fronteira de Ameijoeira, quase quase em Castro Laboreiro.

O almoço foi no restaurante "MIRADOURO DO CASTELO". Incrível paisagem. Senti-me um pouco desorientado sem saber bem para que lado ficava Portugal e Espanha. 

Não se sabe bem se é mais famosa a aldeia ou os seus cães. Certo é que, na referência a Castro Laboreiro, tanto o povoado como a sua raça canídea surgem ligados, constituindo uma referência do que há de mais tradicional em Portugal.

Começando pelo início, há que considerar que a aldeia de Castro Laboreiro, no concelho de Melgaço, se situa no Parque Nacional da Peneda Gerês, terra serrana desde sempre com vocação para a agricultura e a pastorícia. A designação da terra tem origem no termo "castrum", que indicava um povoado fortificado habitado há milénios por povos que se fixavam em outeiros e viviam em comunidade para melhor se defenderem de ataques. De eras assim longínquas são as pinturas rupestres identificadas no território e os 120 dólmens e cistas aí sinalizados, o que, no conjunto, constitui o que os especialistas apontam como um dos mais ricos patrimónios pré-históricos nacionais.

A fertilidade da zona favoreceu essa permanência e o núcleo habitacional primitivo assim se terá desenvolvido até à sua consolidação na Idade Média.

Mencionada em várias cartas de foral régio, a última das quais por D. Manuel em 1513, a aldeia de Castro Laboreiro chegou a ser sede de um concelho homónimo, desde os primeiros reinados de Portugal até 1855. A estrutura principal do Castelo de Castro Laboreiro, por exemplo, remonta aos tempos de D. Afonso Henriques e reflete a importância defensiva atribuída ao território. Já o pelourinho manuelino que desde 1560 se ergue no centro da aldeia, veio apenas reforçar a relevância da terra, cujos privilégios incluíram, durante séculos, o direito dos seus homens a não incorporarem o exército e a isenção de todos os habitantes do pagamento de portagem nas estradas do reino.

Pela sua posição junto à fronteira com Espanha, em território elevado de clima muitas vezes agreste, Castro Laboreiro era estimada como barreira defensiva e o povo, resiliente, bem merecia esse cuidado. Os invernos sempre aí foram tão frios que o território até desenvolveu um conceito de habitabilidade próprio, exclusivo desta região do país: por mais pobres que fossem, todas as famílias possuíam duas casas – a branda, nas zonas mais altas, para as estações quentes do ano, quando a altitude é suportável e os pastos elevados também são fartos e suculentos; e a inverneira, a uma cota mais baixa, que era onde melhor se resistia aos rigores da temporada fria. 

Depois do almoço, seguimos pela N202-3 em direção a Lamas de Mouro. O destino seria Melgaço.

Por uma estrada sempre junto a espanha a M-1140, fizemos 30 quilómetros de curvas e vinhas de vinho verde.

A nossa dormida nesse dia foi no hotel Monte Prado Spa. 

DIA 3

Era o terceiro dia de viagem. Saímos de Melgaço depois de um pequeno almoço buffet em direção ao Santuário da Nossa Senhora da Peneda. 30 Quilómetros em 40 minutos de viagem. Escolhemos a N 202 até Porto Ribeiro e depois a EM-1138 até ao Santuário. Desconhecia aquele lugar. Situado no município dos Arcos de Valdevez, o santuário foi construído entre os finais do século XVIII e o terceiro quartel do século XIX. A igreja foi terminada em 1875, embora seja provável que a tradição secular de Nossa Senhora das Neves e a dinâmica beneditina estabelecida pelo percurso dos monges do Mosteiro arcuense de Ermelo para a Fiães, em Melgaço, desse lugar ao estabelecimento de um pequeno espaço de culto em redor do século XIII. Diante da igreja encontra-se o escadório das virtudes, com estátuas representando a Fé, a Esperança, a Caridade e a Glória, datado de 1854, obra do mestre Francisco Luís Barreiros. Após um largo triangular onde se situam os antigos dormitórios para os peregrinos (hoje transformados num hotel), o santuário desenvolve-se numa alameda arborizada em escadaria, com cerca de 300 metros e 20 capelas, com cenas da vida de Cristo.

Café da manhã com uma paisagem destas, serviu para descansar as costas. 

Para o terceiro dia, o melhor percurso foi entre o Santuário da Senhora da Peneda e a aldeia de Soajo, onde almoçamos. Optamos por fazer a M-530. Paramos no miradouro de Tibo, onde temos uma percepção da grandiosidade do penedo que circunda aquele lugar. 

O Santuário da Senhora da Peneda ergue-se na margem direita do rio da Peneda, ocupando um recôncavo sob um afloramento granítico conhecido por Penedo da Meadinha, o que lhe confere um enquadramento paisagístico único.

A sua construção está associada à lenda de Nossa Senhora das Neves. Reza a lenda que no século XIII, a Senhora revelou-se por duas vezes a uma pastorinha que aí andava com o seu rebanho. De início, tomou a forma de uma pomba (a 5 de agosto de 1220) e solicitou-lhe que fosse construído no local da aparição um santuário em sua honra. A menina correu a dar a notícia, mas ninguém a acreditou. Uns dias depois, a Santa apareceu-lhe novamente no mesmo ponto e já com a forma que hoje se venera. Pediu então à menina que fosse a Roussas e que lhe trouxessem uma mulher daí chamada Domingas Gregório, que se encontrava entravada há muito. Os habitantes deste lugar transportaram logo a pobre doente, que, na presença da Senhora, se curou imediatamente. Aí começou o culto, tendo sido construída uma pequena ermida no local da aparição.

Durante a Idade Média a devoção a Nossa Senhora das Neves foi crescendo, e já entre os finais do Séc. XVIII e meados do Séc. XIX foi construído o atual templo em sua honra. 

Soajo é conhecido pelos espigueiros em pedra. Durante a Idade Média os seus Monteiros tinham privilégios específicos de independência e guarda de uma área de enorme importância para a coroa portuguesa. Séculos de vivências criaram uma identidade única e uma das mais conhecidas povoações portuguesas, integrada no Parque Nacional da Peneda-Gerês. O seu pelourinho, do século XVI é único no seu género e um dos mais enigmáticos exemplares do seu tipo, partilhando valia com um notável conjunto de 24 espigueiros, totalmente em granito e assentes num enorme afloramento rochoso, verdadeiros ex-líbris da povoação. D. Manuel outorgou-lhe Foral e privilégios de Vila em 1514.

O almoço foi no restaurante "SABER AO BORRALHO". Não reservavam lugar, o que nos fez perder algum tempo na espera por mesa. Muita gente para almoçar naquele dia. 

Depois do almoço, optamos por fazer a N203 em direção a São Lourenço. Sempre na margem sul do rio Lima. Fizemos a CM-1346 em direção ao santuário de Santo António. Não estava nos planos, mas foi uma excelente escola as curvas que fizemos. Hora para hidratar a goela. O calor apertava.

Terminamos em Terras de Bouro e escolhemos dormir na Quinta do Bárrio. Lugar calmo e sossegado. Excelente escolha para descansar de tanta curva. 

Ir a terras de Bouro e não jantar a Adega Regional "O VATICANO", é como ir a Roma e não ver o PAPA.

Foi a nossa escolha. Boa apresentação, simpatia, bons sabores e um lugar que recomendo.

DIA 4

Estava a chegar ao fim estes dias pelo Gerês.

Em tempos de COVID19, fizemos a N307 e fomos visitar a aldeia mais conhecida por esta altura. COVIDE. Apanhamos a N304 em direção a São Bento da Porta Aberta. Era altura de agradecer ao padroeiro da Europa, por tudo estar a correr tão bem. Também era hora do café da manhã.

De São Bento da Porta Aberta, fizemos a N304 e a N205 em direção a Mondim de Basto. Mas a melhor estrada deste dia estava à nossa espera. A N304 desde Mondim de Basto até Campeã. Uma das míticas estradas do Parque Natural do Alvão, a fazer fronteira com a Serra do Marão. Simplesmente fantástica. A paisagem, as curvas, a subida da serra... 

Depois fizemos o IP4 em direção a Vila Real, onde almoçamos na Adega Sr. Vinho. O regresso a casa foi feito de forma tranquila pela N2 até Castro Daire.

Em 4 dias, um total de 900 Quilómetros, bastante alcatrão, boa gastronomia, bom tempo para as curvas e boa camaradagem. 

Que Deus abençoe a vossa estrada.