Àvila - Segóvia - Aranda del Duero

15-19 julho 2024

DIA 1

Malas preparadas, revisão feita na mota e era hora de fazer a primeira "Roadtrip" na NT 1100. Desta vez o destino foi o centro de Espanha. O ponto de encontro foi no Castanheiro do Ouro para o pequeno almoço. Os dias prometiam muito calor, o que se veio a confirmar a partir de Quarta Feira. 

A  viagem foi feita pela N226 até Trancoso onde atestamos as motas. Depois o IP2 até Celorico da Beira e a A25 até Vilar Formoso para a paragem de descanso. Entre a fronteira e Ciudad Rodrigo optamos por fazer a N620 em vez da A62. Era hora de fazer a estrada que durante tantos e tantos anos foi feita pelos nosso emigrantes para França, Alemanha, Suíça, Luxemburgo e outros países da Europa.

Paragem para almoçar na sempre bela Ciudad Rodrigo, declarada Conjunto Histórico-Artístico, é uma insigne vila fortificada situada no oeste da província de Salamanca. Seus muros encerram um rico patrimônio de edifícios civis e religiosos, com destaque para a Catedral e o Castelo.

A atual instalação de Ciudad Rodrigo, um morro rochoso às margens do rio Águeda, esteve povoada desde o período Neolítico. No século VI A. C., os vetões, uma tribo de origem celta, fundaram a cidade de Miróbriga e se estabeleceram nesse local. Quatro séculos depois, os romanos conquistariam a cidade, que passou a se chamar Augustóbriga, em homenagem ao imperador Otávio César Augusto. Testemunhas daquela época são as Três Colunas, um enigmático monumento que continua em pé na entrada da cidade.Após ser objeto de disputas entre árabes e cristãos durante séculos, esta fortaleza foi repovoada no ano 1100 pelo conde Rodrigo González Girón, que lhe deu seu nome definitivo. Fernando II, rei de León, terminou o repovoamento da área e empreendeu ambiciosos projetos, entre eles a fortificação da cidade e a restauração da antiga ponte romana. Ao mesmo tempo, em seu reinado a cidade voltou a ser sede episcopal e começaram as obras da Catedral.As principais edificações do seu centro histórico, declarado Conjunto Histórico-Artístico, datam dos séculos XV ao XVI, época em que a cidade viveu um grande período de esplendor. O auge das festas é o famoso carnaval onde durante alguns dias junta mais de meio milhão de pessoas nas famosas largadas de touros e onde a praça central se transforma numa "plaza de toros".

O almoço foi na "Pulperia de Evarísto",  o meu lugar de eleição sempre que passo por  Ciudad Rodrigo.

Depois do almoço seguimos na estrada SA220 em direção a El Cabaco e depois na SA201 em direção a La Alberca. Boas curvas para se fazer de mota. Ainda pensámos em subir ao Santuário de Peña de Francia, mas o tempo era pouco, porque ainda tínhamos uns bons quilómetros pela frente.

La Alberca foi a paragem para hidratar. La Alberca foi o primeiro povoado rural da Espanha declarado Monumento Histórico Nacional. Um passeio pelo seu centro histórico deixa exposto o sabor tradicional de suas casas e ruas, construídas há séculos.

A praça Mayor, de planta quadrada e rodeada de alpendres com colunas, continua sendo o centro da vida social do lugar. O edifício religioso mais representativo é a igreja paroquial da Asunción, construída no século XVIII, que conserva em seu interior um púlpito de granito do século XVI e uma esplêndida cruz processional gótica em cobre dourado, além de uma figura do Cristo del Sudor atribuída a Juan de Juni.

Uma das tradições mais curiosas em La Alberca é a presença, nas ruas, de um porco preto que é conhecido como o porco do povo. Todos os anos, no dia 13 de junho, em que se celebram as festividades de Santo António, um porco é solto pelas ruas, depois de ser benzido previamente. O animal permanecerá solto pelo terra até o dia 17 de janeiro, dia de Santo Antão, quando então é sorteado entre os habitantes. Neste período, o porco é alimentado pelos próprios habitantes. O dinheiro arrecadado no sorteio é destinado a obras sociais.

Hora de seguir viagem. A SA201 levou-nos ao "Mirador del Portillo"  conhecido como "Portillo de las Batuecas", que desde os seus 1242 metros de altura, oferece-nos umas vistas do perfil montanhoso de "Las Hurdes", Uma estrada com curvas fantásticas, as suas "9 ferraduras", assim conhecida, são um desafio para quem não almeja curvar.

A estrada SA225 levou-nos até Sotoserrano, onde descemos até ao Rio Alagón. As curvas até Horcajo de Montemayor foram maravilhosas. O calor começava a apertar. 

A A66 levou-nos até Hervás. O nosso destino neste primeiro dia. 

As origens de Hervás remontam ao séc. XII. Como ocorreu noutras localidades da província, o facto de a Via da Prata atravessar a sua área municipal propiciou o contacto com outras gentes e culturas. Durante a Reconquista, a Ordem do Templo ergueu um castelo em Hervás. Hervás pertenceu a Béjar e, uma e outra, dependiam do Senhorio dos Zúñiga, Duques de Béjar, até que, em 1816, o rei Fernando VII a declarou vila livre.

Se há algo pelo qual Hervás se destaca é pelo seu Bairro Judeu. A comunidade judaica que residiu em Hervás, antes do decreto de expulsão dos Reis Católicos, em 1492, era formada por cerca de 45 famílias, sem categoria de aljama.

O bairro está situado, como todas as judiarias, nos arredores do núcleo urbano, na zona mais desnivelada da localidade. As casas atingem uma altura bastante grande, com dois ou três pisos, sendo o piso mais alto ressaltado. O tabique, normalmente de castanheiro, o tijolo e a taipa, juntamente com as telhas e painéis laterais, são os elementos de construção típicos da judiaria.

Este conjunto desenvolve-se sobre um traçado de ruas sinuosas, algumas estreitíssimas, mas repletas de encanto. Estende-se desde La Plaza, local de encontro de cristãos e judeus, até ao rio Ambroz e à Fonte Chiquita. Da herança judaica conservam-se os nomes das ruas, Sinagoga, Rabilero, Cofradía. Embora a sinagoga já não exista, a tradição oral situa-a na rua Rabilero, 19.

Cada verão, o Bairro Judeu de Hervás transforma-se no melhor palco para representar a festa de Los Converso [Os convertidos] em que participa toda a população e altura ideal para conhecer mais sobre a cultura e gastronomia sefardita, que a dada altura tiveram grande protagonismo no município.

No ano de 1969, o Bairro Judeu de Hervás foi declarada Conjunto Histórico

a nossa opção para dormir foi na Hospedaria Valle del Ambroz. Bons quartos, bom pequeno almoço, bem localizada. Piscina exterior com agua maravilhosa. Excelente escolha.

DIA 2

Depois de um pequeno almoço buffet servido no hotel, era hora de nos fazermos à viagem com destino final "Segóvia". A N630 fez-nos companhia até Bejar, onde apanhámos a AV100 em direção a Barco de Ávila. Primeira paragem para o café da manhã. Barco de Ávila é um belíssimo povo de Ávila, cujo maior atrativo reside nas belas vistas panorâmicas que oferece da serra de Gredos.

Conta com um rico patrimônio, cujo máximo expoente é a igreja de Nossa Senhora da Assunção, gótica do século XIV e um pouco mais austera do habitual. Conserva uma ponte medieval sobre o rio Tormes, vestígios de uma muralha e alguma porta. Também merece uma visita o castelo de Valdecorneja, fortaleza do século XV, que no passado pertenceu aos duques de Alba e onde atualmente são celebradas atividades culturais.

Em Barco de Ávila tínhamos 2 opções que nos levariam  a Ávila. Pela AV-941 encostada à Serra de Gredos em direção a San Martín del Pimpollar ou fazermos a N 110. Esta foi a nossa escolha. Uma estrada quase que de uma reta se tratasse com 75 quilómetros. Á nossa direita estava sempre a serra de gredos. 

Chegados a Ávila, estacionámos quase quase no centro o que nos ajudou a poupar bastante tempo. Visitámos a Catedral, as muralhas e um belo repasto de carnes na parrilla, típicas desta região.

O símbolo inconfundível de Ávila é sua muralha. Pode ser vista de longe e faz da cidade um dos recintos amuralhados melhor conservados da Europa.

No seu interior, encontrámos uma Cidade Património da Humanidade com ruas de pedra, imagens medievais, interessantes igrejas, saborosa culinária e uma atmosfera tranquila que nos ajudou a desconectar.

A icônica muralha de Ávila é aberta para se poder visitar e tem um percurso de 1.700 metros. A sua vista da Catedral, da praça do Grande Mercado e dos arredores da cidade fazem a subida valer a pena. Esta catedral é considerada a primeira catedral gótica da Espanha e fica encostada na muralha porque foi projetada também como fortaleza. O outro símbolo da cidade é Santa Teresa de Jesus, presente em qualquer parte da cidade, desde as esculturas em sua homenagem até o doce mais popular de Ávila: as gemas de Santa Teresa. 

Depois do almoço, fizemos uma das mais belas estradas ( para mim ) para se fazer de mota. A estrada AV-500em direção a El Espinár. Com as suas retas enormes e com lombas a fazer lembrar as estradas da América. Gostei. Imaginei como seria fazer esta estrada na primavera...

Passámos pelo "Palácio Real de Riofrío". Não entrámos, porque só para estacionar a mota junto ao palácio eram 4€. Um absurdo.

Este palácio foi utilizado pelos Bourbon como pavilhão de caça e lugar de descanso.

Após a morte do rei Felipe V, a sua esposa Isabel de Farnesio mudou-se para La Granja onde residiu durante o reinado de Fernando VI (1746-1759). Nesse período adquiriu o chamado Coto de Riofrío, onde mandou construir este palácio. A sua arquitetura é italiana, com pedras talhadas cinzas de alvenaria rebocada em rosa. As dependências estão situadas ao redor do pátio interior central e seus grandes salões estão decorados com um mobiliário suntuoso do século XIX. O percurso pelo seu interior inclui a visita ao Museu de Caça, no qual podem ser contempladas coleções de armas desde a época do rei Felipe V até a de Alfonso XIII, troféus, tapeçarias da Real Fábrica e dioramas de espécies cinegéticas espanholas. Também possui ilustrações e pinturas de temas relacionados com a caça, entre as quais há quadros de Velázquez, Rubens ou Snyders.

Mas a joia do dia estava para chegar. "Real Sítio de San Ildefonso" ou "La Granja".

Situado a 11 quilómetros de Segóvia, no sopé da serra de Guadarrama, num espaço natural único encontrámos o Real Sitio de La Granja de San Ildefonso, um grandioso e impressionante palácio iniciado em 1721 onde era uma antiga hospedaria pertencente aos monges Jerónimos do Mosteiro de El Parral, em Segóvia.

O rei Felipe V fez um retiro neste lugar em 1724 e tratou de criar uma residência ao estilo da corte de Versalhes. Para isso, durante os vinte anos seguintes engrandeceu os jardins e o palácio, que foi usado como residência de verão por todos os seus sucessores até Alfonso XIII.

Vários arquitetos participaram na sua construção, entre eles Teodoro Ardemans e Juan Bautista Sachetti, e conseguiram uma belíssima mistura do barroco espanhol e do estilo francês com subtis pinceladas italianas. Os arredores do palácio foram completados com espetaculares jardins com diversas espécies vegetais e enfeitados com estátuas e 26 fontes monumentais, onde alguns dos jatos de água chegam a 40 metros de altura, como é o caso da fonte da Fama.  

Faltava a última etapa do dia. A viagem até Segóvia. Pouco mais de 20 minutos. Em Segóvia aproveitámos para visitar a cidade durante o entardecer e depois do jantar. Impressiona sempre pela beleza arquitetónica. Segóvia é uma Cidade Património da Humanidade com monumentos únicos que por si só já merecem uma visita. No entanto, uma vez em Segóvia descobrimos que a cidade tem muito mais a oferecer. Um bairro judeu, casas senhoriais, vistas panorâmicas incríveis. 

Descobri algo que me impressionou: O Bairro de las Canonjías de Segóvia. É um importante conjunto de arquitetura románica civil na Europa. Fica perto do Alcazár. A porta da Claustra é a única que ainda se conserva, das três que fechavam o bairro dos Cónegos Catedralícios. Viviam em clausura, mas cada um na sua própria casa.

A nossa opção para jantar foi no Bar Restaurante "El Sítio". 

Para dormir escolhemos o hotel Real de Segóvia, situado na zona pedonal da cidade. O pior mesmo foi ter que subir uns 150 degraus até ao hotel...

DIA 3

Este seria o primeiro dia de calor a sério, que iríamos apanhar pelo centro de Espanha. Também seria o dia com mais quilómetros na mota. Vamos a isso. 

Depois de um bom pequeno almoço buffet, servido no hotel, era hora de descer as escadas até às motas para prepararmos o roteiro deste dia. Um longo dia, diga-se!

Apanhámos a N 110 e depois a SG-P 2322 e fizemos uma viagem de 45 minutos até à nossa primeira paragem para o café da manhã em Pedraza. Declarada Conjunto Monumental em 1951, a vila de Pedraza conta com uma das praças principais mais bonitas de Castilla y León.

As suas ruas de pedra e as suas casas brasonadas compõem um conjunto urbano medieval no qual é imprescindível percorrer todos os cantos, da Puerta de la Villa até o outro extremo do povoado, coroado pelo castelo, em cujo torreão, atualmente um museu, o pintor Zuloaga teve um estúdio. Também de interesse são a prisão medieval e a igreja de San Juan. Curioso foi que a rapariga que nos serviu o café, supostamente a dona, esta casada com um português. Veio de férias ao Porto, apaixonaram-se um pelo outro e levou-o para Pedraza. Ainda lhe perguntei porque não quis ir para o Porto, ao que me respondeu: é aqui que somos felizes. 

Na plaza mayor, também é típico o carnaval, um pouco parecido com o de Ciudad Rodrigo, mas em ponto pequeno.

Seguimos caminho pela estrada SG-P 2322 até Villafranca onde seguimos pela SG 205 até Cerezo de Abajo, onde voltamos a N 110 até Ayllón. A estrada N-110 é de fato maravilhosa para se fazer de mota. Imensa produção de cereal, de girassóis, algum já bem floridos, o que dava um colorida à paisagem. 

Ayllón está localizada a aproximadamente uma hora de mota da cidade de Segóvia. O seu centro histórico foi declarado Bem de Interesse Cultural. Edifícios senhoriais e moradias de arquitetura tradicional; a melhor forma de conhecer o encanto de Ayllón é passear por suas estreitas ruas de paralelepípedos.

Atravessando o arco com escudos do século XVI chegamos à zona antiga. Logo aparece o Palácio dos Contreras, com bonitos artesoados em seu interior e uma fachada isabelina também brasonada. Seguindo pela mesma rua chegámos à Plaza Mayor, de estrutura irregular e com grandes alpendres de pedra. É onde está situada a Câmara Municipal, que data do século XVI, e a igreja românica de San Miguel, que chama a atenção por seu campanário e suas rosáceas. Ao lado fica o edifício mais antigo da cidade: a Casa de la Torre. 

Seguimos viagem na N 110 até San Esteban de Gormaz e depois até El Burgo de Osma. Já estávamos na província de Sória. Apesar das altas temperaturas que se faziam sentir, cerca de 38 graus, ainda deu para dar um passeio a pé por esta bela terra do centro de Espanha. 

Já era hora de almoçar, e a nossa escolha recaiu no Restaurante Casa Marcelino. Excelente escolha.

El Burgo de Osma, é uma antiga e monumental cidade episcopal, está situada ao lado do rio Ucero e oferece um dos recintos medievais mais bem conservados de toda a província de Sória. Não é à toa que a cidade foi declarada Conjunto Histórico-Artístico.

As origens de El Burgo de Osma são o assentamento arévaco primitivo de Úxama, um enclave que, séculos depois, seria submetido à jurisdição romana. No entanto, foi na época dos visigodos que a vila começou a experimentar um período de esplendor, no século VI d. C. na sede episcopal até a chegada dos árabes. Após o domínio muçulmano, no século XII, a cidade recuperou sua antiga condição de capital. A formação do núcleo atual de El Burgo de Osma foi forjada a partir do ano 1101, quando o bispo Pedro de Bourges (San Pedro de Osma) a escolheu como sede para a catedral com um mosteiro situado junto ao rio Ucero, um fato que favoreceu o florescimento de um próspero burgo de comerciantes e artesãos. Esta situação privilegiada se prolongou durante séculos, chegando a ter um centro universitário na época do Renascimento.

A opção depois do almoço foi fazermos a A-11 em direção a Aranda del Duero, com paragem para descansar em Peñaranda de Duero, já na província de Burgos. É uma bela vila de centro medieval, que se destaca pelo seu importante conjunto monumental. O castelo domina este povoado, situado no caminho da Ribeira do Douro, terra de vinhos de grande prestígio internacional.

Nas ruas de Peñaranda sucedem-se palácios, templos, colegiadas e casarões renascentistas e barrocos. Junto à sua pitoresca Praça Mayor está um dos edifícios mais notáveis da localidade, o palácio dos Condes de Miranda. Não se pode estacionar quase em lugar nenhum. Segundo nos foi dito por uma senhora, o boticário mais antigo de Espanha situa-se em Peñaranda del Duero. Passámos por lá, mas estava fechado. Não deu para visitar.

Faltavam os ultimo 65 quilómetros de viagem até Peñafiel. Optámos pela N 122 e depois pela A-11.

Peñafiel, foi fortificada em 1307 e foi um centro comercial e histórico de enorme importância. Sobre um morro eleva-se o seu famoso castelo, declarado Monumento Nacional em 1917.

O aspecto atual do castelo corresponde a diversas construções, a primeira delas dos séculos IX ou X, e a última de meados do século XV. É uma fortaleza muito bem conservada, com mais de 200 metros de comprimento e com formato de navio. A torre tem 30 metros de altura, é ladeada por dois pátios: o norte, onde ficavam as cisternas e os armazéns, e o sul, que na atualidade é onde funciona o Museu Provincial do Vinho e antigamente era ocupado pelas cavalariças e guarnições. Peñafiel é vinho e história. As suas ruas refletem o seu passado com lugares como o bairro judeu e a popular Plaza del Coso, com as suas tradicionais varandas de madeira. 

A nossa opção de dormida em Peñafiel foi no hotel AZZ Peñafiel Las Claras. 

DIA 4

Neste 4º dia, escolhemos fazer a estrada paralela ao Rio Duero até Valladolid.

Apanhámos a VA-101 em direção a Pesquera de Duero e depois a VP-3001 em direção a Tudela de Duero. Este não é o Rio Douro como nós conhecemos em Portugal. Ainda estreito, com pouca água. Diria que é como uma criança em fase de crescimento. Mas a sua essência está lá, na sua água que transporta para os grandes vinhedos existentes nas suas margens. Afinal o Douro é Duero. Com imensas Bodegas, planícies de vinhedos, e uma paisagem incrível. Pesquera de Duero é provavelmente um dos povos com mais bodegas ( as típicas quintas no douro) produtoras de vinho em Espanha e é também o Município que pertence à Denominação de Origem Ribeira do Douro, com maior número de bodegas inscritas nesta denominação.

A paragem foi em Tudela de Duero para atestar as "burras" e seguir viagem até Simancas pela estrada CL-600. Evitamos entrar na cidade de Valladolid.

Num lugar estratégico na margem do rio Pisuerga levanta-se o castelo de Simancas, do século XV, considerado um dos mais importantes da Espanha e monumento emblemático da vila.

A fortaleza, construída por ordem dos almirantes de Castilla, foi cedida posteriormente à Coroa e nela funciona, desde a época de Felipe II, o Arquivo Geral do Reino. Conserva uma interessante coleção de joias documentais sobre os direitos monárquicos e a gestão imperial. Atualmente acolhe o Arquivo Geral de Simancas, onde são reunidos importantes documentos de Estado, além de ser utilizado como centro de investigações. 

O calor já apertava. Eram 10.30h e já se faziam sentir os 34 graus. Seguimos pela VP-5806 em direção a Velilla e depois a VA-VP 5605 em direção a Urueña.

Na paisagem seca, verdejavam os girassóis que continuavam a dar um colorido à paisagem.

Urueña é o único povoado da Espanha onde existem mais livrarias do que bares. É chamada a Vila do Livro. Considerado um dos povoados mais bonitos da Espanha, Urueña é um oásis de cultura e literatura em plena Terra de Campos. O estilo medieval desta bonita vila castelhana combina na perfeição com o seu produto mais famoso: os livros.

Com menos de duzentos habitantes, Urueña conta com cinco museus, onze livrarias e até um jornal local. Tudo isso contribuiu para que Urueña seja considerada a primeira Vila do Livro da Espanha, cuja origem desta denominação se nota em todas as suas ruas. Quase todos os espaços públicos têm algo relacionado com a leitura, e o povoado acolhe vários eventos relacionados com a compra e venda de livros. 

Depois de uma visita pela aldeia, eram horas de almoçar. A nossa opção caiu no restaurante Entretierras. Excelente escolha.

Depois do repasto seguimos pela estrada VA-VP 6605 em direção a Tiedra e depois a ZA 705 em direção a Toro onde parámos para hidratar. 

Cidade de enorme importância, declarada Conjunto Histórico-Artístico. A sua localização estratégica fez com que fosse um lugar de conflito entre cristãos e muçulmanos, uma corte real, e a capital da província no século XIX.

A vila de Toro tem uma estrutura em forma de leque e no centro fica a colegiada de Santa María la Mayor, do século XII. No seu exterior destaca-se o portal ocidental policromado, chamado de La Majestad; e no seu interior, o famoso quadro flamengo La Virgen de la Mosca, um incrível calvário e uma pouco habitual Nossa Senhora grávida. Junto à colegiada fica o miradouro do Espolón, com vista para o chamado Oásis de Castilla. A cidade conta também com os restos de uma muralha do ano 910 e as portas de Corredera e Santa Catalina, dos séculos XVII e XVIII. 

A estrada N-122 levou-nos até Zamora. Pelo caminho ainda parámos em Coreses no hotel Convento I, para uma visita ao interior. É possível visitar o piso da receção e ver a toda a beleza e arte colocada naquele lugar.

Chegados a Zamora, era hora de descansar, para depois dar-mos um passeio pelas ruas de Zamora. Uma cidade que gosto muito. 

A nossa opção de dormida foi no hotel AC Hotel Zamora. 

A cidade castelhano-leonesa de Zamora conserva no seu centro histórico tem um importante legado de arte românica que lhe possibilitou a declaração de Conjunto Histórico-Artístico.

Localizada nas margens do rio Duero e em pleno Roteiro da Via da Prata, a sua importância medieval ficou marcada através de muralhas, palácios e templos. 

A Ponte de Pedra que cruza o Duero é a entrada desta cidade de forte caráter medieval, conhecida como a Cidade do Românico. As suas construções levam-nos à Idade Média, época em que a cidade resistiu a ataques e estados de sítio. Chamada de "a Bem Cercada" devido ao seu triplo cinturão defensivo, Zamora conserva quase integralmente o primeiro deles. Entre elas se destaca o Portillo de la Lealtad (antiga Puerta de la Traición), além da Puerta de Doña Urraca y del Obispo. E dominando todo este traçado, se impõem o Castelo e a Catedral.

DIA 5

Este era o dia de regresso a casa. O calor continuava a fazer parte do roteiro.

O pequeno almoço foi buffet no hotel, e com muta variedade de escolha, o que nos fez aguentar até à hora do almoço, já em Portugal.

Fizemos a estrada CL-527 em direção a Formoselle, onde parámos na barragem de Bemposta para contemplarmos o Rio Douro já bem crescido a poderoso.

A barragem de Bemposta faz parte do aproveitamento hidroeléctrico chamado Sistema Douro Internacional. Entrou em funcionamento em Dezembro de 1964. A central é subterrânea, localizada no maciço rochoso, tem 85 metros de comprimento, 22 metros de largura e 45 metros de altura. Está equipada com 3 grupos geradores. A sua albufeira abrange os concelhos de Mogadouro e Miranda do Douro.

Entrámos em Portugal pela estrada N221-7  em direção a Brunhosinho. Depois optamos pelo IC 5 até à vila de Mogadouro. 

Mogadouro integra-se na conquista Árabe iniciada por Tarik, na batalha de Guadalete no ano de 711 em que derrotou o último rei Visígodo Roderico, e o nome de Mogadouro é de origem Muçulmana, segundo alguns estudiosos. O seu castelo foi construído no reinado de D. Afonso Henriques, nos anos de 1160 a 1165.Depois da Reconquista cristã e desde a fundação da Nacionalidade, as terras de Miranda foram alvo de numerosas batalhas, cercos e escaramuças, pelo que os castelos de Mogadouro e Penas Roías, juntamente com os de Algoso, Miranda, Outeiro e Vimioso constituíam a 1ª linha de defesa do Nordeste de Portugal controlando a Estrada Mourisca (via secundária que cruza o Planalto de Norte a Sul e o liga à capital do "Conventus"- actual Astorga – durante a ocupação Romana). O primeiro foral foi-lhe concedido por D. Afonso III em 27-12-1272 e em 18-12-1273, isto quando o monarca se encontrava em Santarém. A Vila, concedida aos Templários, principiou a ser murada (que só foi concluída no reinado de D. Dinis) e a paróquia passou à categoria de priorado dessa ordem monástica militar.

Continuamos pela N-221 em direção ao cruzamento que dá para Freixo de Espada à Cinta e Torre de Moncorvo, onde seguimos pela N-220 em direção a Carviçais.

O almoço foi servido no restaurante do Amigo Rui Rei, um ex aluno meu, que se aventurou nestas lides e que também gosta de uns passeios de mota. 

Ainda faltava a parte final da viagem, chegar a casa.

Continuamos na N-220 até à Foz do Sabor e depois o IP2 até Marialva. Seguimos pela N-324 até à Mêda e depois a N-331 até Penedono. Seguimos pela N229 até Sernancelhe e parámos na praia fluvial de Vila da Ponte para um último refresco antes de nos despedirmos e cada um seguir viagem até casa.

No total dos 5 dias fizemos 1365Km, com um tempo de condução de 21h45, um consumo médio de 4.8 L/100 e um total gasto de 65 litros. 

Fica mais uma viagem partilhada. Aproveitem algumas ideias para umas fugas.

Que Deus abençoe a vossa estrada.