ALENTEJO

1-5 de abril 2024

DIA 1

Estes dias de viagem por terras de alto e baixo Alentejo, prometiam ser uns dias fabulosos. O  nosso ponto de encontro foi no Vale Encantado, terras de Tarouca. O tempo cinzento prometia chuva e chuva da forte. Confiámos. Acreditámos. Seguimos. 

Seguimos pela estrada N226 até Trancoso e Pinhel. Visitámos a Torre de Menagem e o Castelo de Pinhel. A data de construção é um mistério para os historiadores, mas neste local acredita-se ter existido uma fortificação da época romana. Neste Castelo, os destaques vão para a Torre de Menagem, para três cisternas que sobrevivem ao passar dos tempos. Tente descobrir as seis portas que rasgam as suas muralhas para o receber. Subsistem duas torres defensivas da cerca, a Torre da Porta da Vila ou da Cadeia Velha e a de São Tiago.

A estrada N324 levou-nos até à nossa dormida na primeira noite. Hotel Rural Termas do Cró, situado em terras do Alto Côa. Mas que bem que nos soube chegar e fazer 1h de águas termais...quase quase prontos para o segundo dia de viagem.


DIA 2

Neste segundo dia as previsões meteorológicas não eram favoráveis para a prática de "Touring" na estrada. Durante a manhã tínhamos pela frente 96 quilómetros de percurso. Primeira paragem foi em Sabugal, Para aquecer os motores. Sabugal brinda o visitante com um leque de ofertas a nível paisagístico, cultural e de lazer. Do património natural, destaca-se a Reserva Natural da Serra da Malcata, por onde passámos, com espécies endémicas de flora e fauna, bem como peculiares formações geológicas na serra das Mesas, junto à nascente do rio Côa.

Penamacor foi outra das vilas por onde passámos e que no seu recanto silencioso, junto `serra da Malcata, nos fez parar e subir a pé até ao castelo. Penamacor foi uma das mais importantes fortalezas da fronteira portuguesa. A génese administrativa da vila está nos finais do séc. XII, altura em que D. Sancho I concede Foral a Penamacor em 1209. Ainda hoje são visíveis monumentos que atestam a importância estratégica militar de Penamacor, além de outros monumentos emblemáticos.

Classificado como Monumento Nacional, o Castelo ou Fortaleza de Penamacor, entendido como toda a área amuralhada do antigo burgo medieval, foi um dos mais poderosos castelos, integrando a linha de defesa da Beira. Durante a Guerra da Restauração estabeleceu-se na Vila uma estrutura de apoio logístico como hospital militar da Ordem de S. João de Deus a qual, mais tarde, viria a constituir-se como primeiras instalações do quartel de Penamacor (anexas do regimento de infantaria da Covilhã), que viria a ser Companhia Disciplinar no tempo do Estado Novo.

O tempo urgia e Monsanto estava a nossa espera. A N233 levou-nos até a este lugar fantástico. As ruas palmilhadas de cartazes alusivos à serie televisiva, "Game of Thrones", levou-nos até ao topo da colina e das suas muralhas. Monsanto é uma das doze Aldeias Históricas e já foi apelidada de "aldeia mais portuguesa de Portugal", recebendo o Galo de Prata que se encontra no alto da sua torre sineira, a Torre de Lucano. Uma longa história, a deste "Monte Santo" que fica no topo de uma elevação com 758 m de altitude, na Beira Baixa Interior. Por aqui passaram romanos, visigodos, árabes, aos quais D. Afonso Henriques tomou a povoação e a entregou aos Templários, que no ponto mais alto construíram uma cerca com uma torre de menagem e o Castelo, para aumentar as defesas do local, classificado de Monumento Nacional em 1948 por corresponder a um exemplar de arquitetura militar do período medieval, juntamente com as suas Muralhas.

Outros lugares merecem destaque nesta aldeia onde viveu Fernando Namora e outros ilustres. Casas que se confundem com os pedregulhos, a Igreja da Misericórdia e a Igreja Matriz, dedicada a São Salvador com altares em talha dourada dos séculos XVII-XVIII, o Solar do Marquês da Graciosa, onde se encontra o posto de turismo, entre estradas de pedra iluminadas pelos tradicionais candeeiros de rua.

A chuva ameaçava cair. Estávamos com 45 minutos de atraso para o almoço marcado nas Termas de Monfortinho. Mas que bem que nos soube comer este manjar. 80% das pessoas eram espanholas, mas estávamos em Portugal. Bem a 2 quilómetros de Espanha. Foi preciso reservar mesa, porque a sala encheu. E depois percebemos o porquê!!!

Era hora de seguir. E a chuva estava quase quase a cair. Foi uma tarde de temporal. Pela N240 e depois a N353 fizemos toda a raia em direção a Cegonhas. Paisagem incrível. Primaveril. O colorido da vegetação, a ausência de povoados. Estávamos no Parque Natural do Tejo Internacional. O Parque Natural do Tejo Internacional abrange o vale do troço fronteiriço do rio Tejo, vales confinantes e áreas aplanadas adjacentes. Cobre uma superfície de 26. 490,43 ha e estende-se por território pertencente aos concelhos de Castelo Branco (parte das freguesias de Castelo Branco, Malpica do Tejo e Monforte da Beira e Cebolais de Cima), Idanha-a-Nova (parte das freguesias de Salvaterra do Extremo, Segura e Rosmaninhal) e Vila Velha de Ródão (Perais).

A estrada que nos levou até Nisa e Alpalhão foi a N18. A chuva não deu tréguas para podermos visitar estas fantásticas localidades. Virámos em direção a Castelo de Vide e Marvão, onde pernoitámos. Dia longo, chuvoso e perigoso para a condução de mota. Nunca tinha conduzido com tanta pluviosidade. Mas chegámos. 

DIA 3

Que dia totalmente diferente do dia de ontem. Hoje sim, já tínhamos sol. 

A primeira estrada que apanhámos foi a N246 que passa por Arronches e Campo Maior, onde fizemos a nossa primeira paragem para visitar e beber um café Delta. Não tínhamos tempo para a visita completa ao museu e edifício Delta, por isso optámos pela visita rápida. O dia seria longo e muitas horas de viagem.

A N373, junto à fronteira com Espanha, levou-nos até Elvas.

As fortificações de Elvas são hoje Património Mundial. O preservado conjunto militar é formado pelas muralhas islâmicas e medievais e pela cintura de muralhas do séc. XVII influenciada pelo estilo holandês de Cosmander, para além do Forte de Santa Luzia (séc. XVII), do Forte da Graça (séc. XVIII) e de 3 fortins do séc. XIX – São Mamede, São Pedro e São Domingos. Se fossemos pássaros, veríamos o surpreendente desenho destas estruturas no terreno que agora apenas nos é possível entender nas fotografias aéreas ou adivinhar quando visitamos os monumentos e apreciamos a paisagem em redor.
No coração de Elvas, a zona do Castelo é a parte mais antiga da cidade. Daí até à Praça da República, onde fica a antiga Sé, agora Igreja de Nossa senhora da Assunção, passamos pela Igreja das Domínicas, com uma original planta octogonal, pelo pelourinho manuelino e pela Torre Fernandina. Nestas ruas é fácil identificarmos os arcos que marcam as antigas entradas nas muralhas. 

A viagem continuou ate Borba, Vila Viçosa e ao Alandroal e depois a N255 até Reguengos de Monsaraz onde almoçamos na "Taberna Al-Andaluz". Delicioso lugar.

A história de Reguengos confunde-se ao longo dos séculos com a de Monsaraz, uma vez que os limites do concelho foram os mesmos até 1838, ano em que a sede concelhia passou para Reguengos, facto que contribuiu para o seu desenvolvimento.
A Igreja matriz do séc. XIX, no centro da vila, tem interesse pelo espírito romântico da sua construção em estilo neo-gótico e pelo jogo de cores derivado da combinação da pedra com o branco da cal. Os solos graníticos e xistosos e o clima são propícios ao cultivo da vinha, sendo a região conhecida pela produção vinícola, conferindo ao vinho características particulares de grande qualidade.

Depois do repasto, seguimos pela N385 e N386 em direção à Aldeia da Luz e depois para  Barrancos. Barrancos é uma vila portuguesa sede do município com a menor população do continente.

Existe em Barrancos uma grande ligação cultural a Espanha devido à sua localização junto à fronteira e pela povoação mais próxima ser a localidade espanhola de Ensinasola que fica a cerca de 8 kms, enquanto Santo Aleixo da Restauração, a localidade portuguesa mais próxima fica a cerca de 20 kms.

Em Barrancos, entre os mais idosos fala-se o dialeto barranquenho, que mistura o espanhol e o português, e que é um sinal claro da ligação a Espanha, tal como as touradas com touros de morte. Legalizadas em 2002 em regime de exceção Barrancos é o único local em Portugal onde é legal matar o touro durante a tourada.

A região onde se encontra o município de Barrancos foi conquistada aos Mouros em 1167 por Gonçalo Maia sendo povoado a partir do ano 1200 por ordem de S. Sancho I. No entanto, na época, a sede de concelho era a vila de Noudar, que no entanto foi extinta no ano de 1825. A partir dessa data inicia-se um processo gradual de despovoamento a favor de Barrancos, até ao seu total abandono.

De Barrancos seguimos para Safara pela N258 e depois a ER385 em direção a Vila Verde de Ficalho. Depois o IP8 até Serpa onde dormimos.

DIA 4

Neste dia a nossa opção foi visitar a grande barragem do Alqueva. A nossa opção pela escolha da estrada foi a N225 que passa por Pias, Moura e em Reguengos de Monsaraz foi onde tomamos o café da manhã. 

A Barragem de Alqueva, com uma albufeira com 250 km² e mais de 1100 kms de margens é o maior lago artificial da Europa. Abrange 5 concelhos do Alentejo: Portel, Moura, Reguengos de Monsaraz, Mourão e Alandroal, e ainda os municípios raianos de Olivença, Cheles, Alconchel e Villanueva del Fresno.

O longo período que decorreu entre os primeiros estudos e a construção da barragem, cerca de 50 anos, tornaram o "Alqueva" quase um mito entre a população. O projeto inicial tinha como objetivo irrigar o Alentejo e desenvolver a agricultura, o que permitiria combater a desertificação e o subdesenvolvimento da Região.

Após vários anos de avanços e recuos as obras arrancaram em 1998 e ficaram concluídas em Janeiro de 2002. No dia 8 de Fevereiro do mesmo ano fecharam-se as comportas e iniciou-se o enchimento da albufeira do Alqueva.

Com a construção da barragem a antiga aldeia da Luz ficaria submersa. Assim, após vários estudos e consulta popular optou-se pela construção de uma nova aldeia onde foram realojados os habitantes da antiga aldeia. Foi também construído o museu da Luz com vista a preservar o património da antiga Luz e da região.

Depois seguimos até à vila de Redondo pela R381, com paragem na vila de Estremoz para o almoço.

Estremoz é a "cidade branca" do Alentejo. Reconhece-se ao longe pelo seu casario branco, espalhado ao longo de uma colina, abraçado por velhas muralhas e protegido, noutros tempos, pela imponente Torre de Menagem. As gentes de Estremoz são pessoas afáveis e hospitaleiras, como todas as gentes alentejanas.

O epíteto de "cidade branca" deve-se, para além da cor do casario, às jazidas de mármore branco, o célebre "Mármore de Estremoz", que tornou a cidade conhecida a nível internacional. A extração desta matéria-prima no Alentejo faz de Portugal o segundo maior exportador do mundo, contribuindo Estremoz com cerca de 90% do total de mármore.

Depois do almoço, seguimos pena N245, com passagem por Sousel, Fronteira, Alter do Chão onde parámos para hidratar o corpo. Seguimos para o Crato e a nossa dormida foi no Monte Filipe Hotel Spa. Era hora de relaxar o corpo. 

DIA 5

O regresso. Era dia de regressarmos a casa. Fizemos a E802/ IP2 em direção a Gardete onde entrámos na A23. Alguns quilómetros à frente, na saída 18 em direção ao IC8 que nos levou até Proença a Nova onde parámos para tomar um café e falar sobre o restante percurso até casa. 

Proença-a-Nova é uma bonita Vila do Centro do País, sede de concelho, situada numa região de grande beleza natural, com belas paisagens e condições para as mais variadas atividades de lazer, desportivas e turísticas.

Os vestígios de ocupação humana neste território são muito remotas, com diversos vestígios arqueológicos encontrados nesta área, mormente da época de ocupação romana. Proença-a-Nova era anteriormente designada de "Cortiçada", mantendo este topónimo até ao século XVI, altura em que foi definitivamente abandonado em favor do actual.

Seguimos no IC8 até Vila Facaia onde apanhámos a N236 até Ponte Velha e a N17 até Penacova. Depois foi no IP3 até Tondela onde almoçamos no restaurante "3Pipos".

O regresso a casa já foi feito de forma mais tranquila e sem a pressa de chegar. Ainda deu para 2 dedos de conversa numa esplanada de Viseu. 

Num total de 1250 quilómetros, em que o custo total por pessoa rondou os 520€. 

Que Deus abençoe a vossa estrada.